Muito obrigada e até logo, meus vestidinhos!

Falando em poucas palavras, eu posso dizer que sou uma mulher que conquistou a auto-estima ao longo do tempo, talvez partindo do zero. Essa conquista é muito importante para qualquer um que queira viver feliz. Por isso, qualquer coisa que eu puder fazer para que, pelo menos mais uma pessoa no mundo consiga aprender a gostar de si mesma, eu farei. Talvez por isso eu esteja conectada com a dança, é uma grande ferramenta para isso... mas isso é papo para outra postagem. 

O que eu quero falar hoje é sobre roupas!

Eu sempre adorei sentir a mudança de estação! Matar a saudade daquele friozinho que, alguns meses atrás, era normal sentir. Ou finalmente sentir meus cabelos fazendo um leve carinho nos meus ombros, que estavam ocultos sob camadas de tecido nos últimos dias. Seja do frio para o calor ou do calor para o frio, essa transição me passa uma nostalgia gostosa, uma vontade de voltar no tempo, não sei explicar mas tenho quase certeza que não sou a única a sentir isso.

E de uns anos para cá, venho fazendo um ritual que enriquece ainda mais essas épocas que tanto gosto. Não é nada de outro mundo ou nada único, mas é um momento onde eu reviro todo o meu guarda-roupa e vou fazendo o revezamento entre as peças de verão e as peças de inverno. Bom, na prática é isso, mas o interessante e o que gostaria de compartilhar aqui como um marco pessoal da minha conquista da auto-estima é o que acontece dentro da minha cabeça quando estou realizando esse ritual. 

A palavra dentro da minha cabeça nesse tempo todo é Gratidão. Fico como se estivesse falando com minhas blusinhas regata: muito obrigada por me fazer sentir uma menininha em várias ocasiões neste verão! Ou então: descansem bem até o começo da primavera, minhas blusas "mergulhador" (não tenho certeza se é o termo correto da indústria da moda, mas é como eu apelidei carinhosamente), vocês inspiraram o melhor da atleta dentro de mim! Obrigada, vestidos e saias, que sempre me fazem lembrar que sou uma mulher e só esse fato e já é maravilhoso!

E então vem a turma "nova", aquelas que me deixaram com saudade por vários meses. E o sentimento continua sendo de gratidão e se junta com a ansiedade, a ansiedade do tipo positivo, de querer usar logo, de fazer acontecer uma nova estação cheia de brilho e conquistas. Digo olá com uma boa cheirada nos meus cachecóis, casacos, meias felpudas, sabendo que vão me envolver com sua inspiração de elegância e aconchego ao mesmo tempo. Aliso com carinho minhas blusinhas coladas de manga comprida, que lembra, as vezes só para mim que, mesmo escondido durante os dias frios, eu tenho sim um corpinho que eu gosto e sustenta e representa tudo de bom que eu sei que sou e nunca mais quero me deixar esquecer ou ignorar esse fato. E se por acaso tiver algum volumezinho que eu tenha ganhado dos chocolates da páscoa, ou a feijoada do domingo, não tem problema! Vai estar escondido nos meus bons e velhos agasalhos de ficar em casa, meus fiéis companheiros, que me fornecem a Liberdade, mais uma das minhas conquistas!

Mas não posso ser hipócrita dizendo que as roupas sempre foram minhas amigas. Claro que não! Houve sim um tempo que eu só queria colocar a roupa mais folgada, que mais escondesse tudo de mim porque o mundo não merece nem sequer saber da minha existência. Eu odiava qualquer roupa, e sonhava que um dia caísse do céu aquela roupa perfeita para mim e que iria me transformar numa.... ei, olha só! No que eu sou hoje! 

Nesse meio tempo, não houve nada de fada madrinha, gênio da lâmpada, ou um meio-gigante simpático que batesse à minha porta dizendo: Yumeh, você é uma bruxa. Teve sim bastante reflexão, viagens internas, muito aprendizado que continua até hoje e vai continua até meu último dia. E o que concluo até este momento é que antes, eu queria que as roupas gostassem de mim, que elas mudassem. Mas as coisas começaram a mudar quando eu mudei. E não digo mudar minha barriga, a espessura das pernas ou o volume do meu cabelo. Mudar sim minha mente, meu coração, meus sentimentos em relação a mim mesma. Porque afinal, qualquer roupa, acessório ou penteado do mundo combina de forma espetacular com o Sorriso verdadeiro. 

E esse sorriso, é legal treinar sozinho, em um cantinho onde nenhum olhar ou comentário maldoso chegue, porque na verdade eles não importam nem um pouco e atrapalham todo esse nosso processo. E sei que podem vir de todos os lugares, principalmente os mais inusitados. O legal é treinar esse sorriso (eu já disse sozinho?) no espelho, pois é onde tem mais chances de sair os verdadeiros, os mais puros, talvez os mais parecidos com os que você recebeu quando era só um bebê. Porque, na verdade, você está sorrindo para essa pessoa lá dentro do espelho, certo? E aí? Você vai dar a ela esse seu lindo sorriso, ou vai continuar deixando-a na espera?